Sem dieta, sem detox: no caminho da liberdade alimentar. Parte V.

Por Enrico Torres

 

Reconstrua a sua relação com a comida.

Olá, esse texto faz parte de um conjunto de 5 artigos que exploram como reaprender a arte de comer. Para um entendimento mais completo, eu sugiro a leitura de todos eles, preferencialmente na sequência do artigo I ao V. Espero que goste. Enrico Torres.

 
 

Mudar os hábitos alimentares é uma das coisas mais difíceis que qualquer um pode fazer, porque os impulsos que controlam nossas preferências geralmente ficam ocultos, até de nós mesmos.

Mas, no entanto, ajustar o que você come é inteiramente possível. Nós fazemos isso o tempo todo. Não fosse isso, as empresas de alimentos que lançam novos produtos a cada ano estariam desperdiçando dinheiro. 

Mesmo que a maioria de nós tenhamos gostos adquiridos muito jovens, ainda podemos mudar. EP Köster, um psicólogo comportamental que passou décadas estudando por que fazemos as escolhas alimentares que fazemos, diz que os

hábitos alimentares "podem ser quase que exclusivamente alterados pelo reaprendizado através da experiência". Ou seja, se queremos reaprender a comer, precisamos nos tornar crianças novamente - #reprograme-se. Os maus hábitos alimentares só podem mudar se transformarmos a “comida saudável” em algo que dê prazer. Se experimentarmos alimentos saudáveis ​​como uma imposição, como algo que requer força de vontade, isso nunca terá um sabor gostoso.

Raramente é fácil mudar hábitos, mas existem certos aspectos da alimentação que podem ser aprendidos e depois adaptados às suas próprias paixões e necessidades específicas.

 
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Há três grandes coisas que todos nós deveríamos aprender a fazer:

  • realizar as refeições nos horários apropriados;

  • ouvir o nosso corpo com clareza e atenção nos momentos de fome e saciedade, em vez de comer sem atenção e sem parar;

  • e nos abrir para experimentar uma variedade de alimentos.

Todos esses três podem ser ensinados às crianças, o que sugere que os adultos também podem aprender.

Para que nossas dietas mudem, além de nos educarmos sobre nutrição - e sim, aprendendo a cozinhar - precisamos aprender como nosso corpo funciona em suas bases primárias e reaprender as experiências alimentares que nos moldaram primeiro. A mudança não acontece através de argumentos racionais. É uma forma de recondicionamento, refeição por refeição. Você chega ao ponto em que não comer quando não está com fome, na maioria das vezes, é tão instintivo e habitual que parece estranho se comportar de maneira diferente. 

 
 

Os governos poderiam fazer muito mais para nos ajudar a modificar nossos hábitos alimentares. No lugar de todos esses conselhos, eles poderiam remodelar o ambiente alimentar de maneiras que nos ajudassem a aprender melhores hábitos por nossa vontade própria, a partir do conhecimento sobre o nosso corpo e o que ele realmente precisa. Daqui a algumas décadas, os atuais hábitos de consumo em relação ao açúcar, hoje presentes em 80% dos alimentos de supermercado, podem parecer tão insanos e estranhos quanto permitir carros sem cintos de segurança ou fumar em aviões.

Dado que nossas escolhas alimentares são fortemente determinadas pelo que está prontamente disponível, regular a venda de alimentos não saudáveis ​​automaticamente faria com que muitas pessoas comessem de maneira diferente. Banir alimentos nocivos de dentro dos hospitais e de ruas que cercam escolas seria um começo. Um estudo mostra que você pode reduzir o consumo de chocolate quase a metade em um bandejão de uma escola, apenas exigindo que as pessoas façam uma fila separadamente da do self service para poder pegá-lo.

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Ter um relacionamento saudável com a comida pode servir como um colete salva-vidas, protegendo dos piores excessos do mundo obesogênico em que vivemos. Você vê o hambúrguer gorduroso e não sente mais tanto que ele tem muito a te oferecer. Não se trata de ser magro. Trata-se de alcançar um estado em que a comida é algo que nutre e nos faz felizes, em vez de nos adoecer ou desequilibrar nossa saúde. Trata-se de nos alimentarmos como uma pessoa querida faria com a gente: com amor, com variedade, mas também com limites. Mudar a maneira como você come está longe de ser simples, mas também não é impossível. Afinal, como onívoros, não nascemos sabendo o que comer. Todos nós tivemos que aprender, todos nós, como crianças ansiosas sentadas, na expectativa e esperando para serem alimentadas.